Páginas Auto e Heterobiográficas
- João Motta
- 8 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de mai. de 2019
…Há de resto uma relação entre Roland Shine, O Rapaz Imaginário e o Rapaz Eléctrico. O Roland Shine é o meu lado aberto, empresário de sucesso, jovial e cordial. O Rapaz Imaginário é patronizado pelo R.S. São preferencialmente autónomos, mas não é que sejam amigos ou extensões um do outro. O R.E. que é físico, como os outros dois, não é o R.I.
Nenhum tem idade fixa, mas RS aparenta ser mais velho que os outros dois, deverá ter trinta ou quarenta. Afinal devo confessar que o RE é parte do RI, pois o RI é intemporal, O Rapaz dos Mil Verões, Sanat Kumara, ao passo que o RE é mesmo só para as raves, só para dansar e para os movimentos rápidos do João.
O RI é profundamente espiritual, tanto pode dansar ultralento como ultra rápido. Todos sabem que ele se configurou como rapaz, mas que não é um rapaz. É só um rapaz imaginário, que se move tanto no campo bidimensional da Banda Desenhada, como no tridimensional, em que usa um dos corpos do João. Na realidade, não se sabe se vice-versa: se é João que toma a forma, função e missão do RI para certos fins, ficando depois neutro, off stage, no seu camarim da vida privada.
Roland Shine, um novo Diaghileff, é o empresário de todos estes personagens. Usando completamente o corpo do João, desempenha as funções mais organizadas, de maior projecção social e económica, vários projectos, incluindo Fundações para as crianças, deixando a Sanat Kumara a vertente espiritual e permitindo a um certo hibridismo dos dois rapazes, o imaginário e o eléctrico, a parte da dansa universal.
João, tendo sido tomado por Shiva, o Deus da Dansa e sendo devoto de Nijinsky, permite ao RI – ele próprio a alegria e o fulgor da juventude e da dansa e ao RE, mais jovem e inexperiente, imparável e acelerador da música a ritmos que os músicos não conseguem acompanhar -que o representem no campo da projecção artística e espiritual.
Não há um eu que se assuma como autor destes escritos. Falar de Deus seria supérfluo. Pois nada mais É. Quem escreve e porque escreve é um mistério a que uns chamariam um milagre.
Nenhum destes quatro de que falei se “morfa” nos outros. Sou só uno em todos eles. São moods em que me expresso.
Quando extraí João do seu passado ambiente, tornei-o abstracto, uma ideia, mesmo corpo, que todos pudessem usar. Tornou-se o que chamam uma marca, um símbolo, um portal, a que outros poderiam chamar uma religião.
JM






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