Porque Sou? Porque Faço?
- João Motta
- 20 de out. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de nov. de 2021
Publicado : 2021-10-20

Cada humano procura o sentido da vida. A maioria descobre-o nas relações sentimentais, na família ou amigos, nos empregos, férias, hobbies, filmes ou jogos. No meu caso, primou a busca espiritual e o encontro com o divino. Assim, a minha forma de fazer arte é uma tentativa de dar sentido ao mundo e um espelho da busca de identidade. Ultimamente a minha obra
apresenta heróis, meditadores e xamanes. São os meus modelos, que tornam certas obras “devocionais”, pois medito diante delas. Aprendo assim com o que faço, vou-me moldando.
Os heróis dão-me coragem, os meditadores dão-me centro e os xamanes levam-me a ligar os mundos visíveis e invisíveis. São o meu masculino projectado para fora, reconhecido e reintegrado.
Também realizo obras que surpreendem e fazem rir, podendo ou não ser surrealistas, uma forma de ver ou recompor o mundo e as suas divertidas incongruências.
Alguns traços unem os muito variados tipos de obras que faço: O pensamento mágico, ou
intenção com que as faço: ao fazê-las transmuto e transformo, ao mundo e a mim. A visão
poética das coisas e a inocência de “brincar” com bonecos. O querer ajudar ao despertar da
humanidade, que se poderia ver como ideológico, mas é um trabalho de amor, pois os outros
são as partes de mim que vou recuperando. Uma grande capacidade de narrativa, visual e
literária, filha de uma fortíssima imaginação.
Qualquer humano foi afectado pela irrupção do vírus e as limitações às liberdades que ele
acarretou. Criou-se no mundo uma cisão entre os que basicamente acreditam nos governos e
outras autoridades e os que duvidam; entre os que aceitaram as vacinas sem estados de alma ou foram coagidos e os que trilham um caminho mais individual.
Esta instalação aqui apresentada na SNBA inclui um “tríptico” (três peças tridimensionais,
assemblages, feitas sucessivamente de Março a Dezembro de 2020) e um filme sobre elas, de 3,49 minutos, intitulado “A crise planetária”. Nelas procurei expressar o que senti ao longo
desse ano e o que observei no mundo exterior. A razão porque considero esta obra um tríptico é porque -não o sendo pela definição clássica, formal- ela o é pelo tema e pela intenção com que foi feita, tendo até sido realizado no início deste ano um vídeo intitulado “As 3 faces (fases) do Covid”. O percurso que percorri durante a sua feitura foi imbuído do mesmo espírito de verdade e aprofundamento. Ao princípio, vi o vírus como um dragão ou Esfinge que questiona a humanidade, em seguida, tornou-se um monstro, que dança o Tango com a humanidade e, depois, compreendi a Encenação cósmica que é o contexto da actual crise planetária, que reputo uma crise de identidade.
Para mim, esse contexto é o da resolução do vírus antiquíssimo da separação e da dualidade, é o regresso do Filho de Deus ao Paraíso. O vírus sanitário é só a ponta do iceberg de um bloco enorme, a grande ilusão do mundo, que flutua perdido no oceano da eternidade.
Como nos libertarmos do ego, individual e colectivo, que é só um mecanismo de separação no cérebro de cada um? Talvez…rindo…rindo…rindo…. Até que uma epidemia de riso dissipe as trevas da ignorância…. É que nada jamais se passou desde que nos ocorreu a ideia de
separação.
João Motta





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